O Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação civil pública na Justiça Federal para obrigar a Universidade Federal de Rondônia (Unir) a retomar, com urgência, o bônus estadual na seleção de estudantes para cursos de graduação. A medida, que beneficiava alunos rondonienses com 18% de acréscimo na nota do Enem, foi cancelada pela instituição em outubro deste ano.
De acordo com o MPF, o fim do bônus prejudica diretamente os estudantes locais e acentua o desequilíbrio educacional entre Rondônia e outras regiões do país. Dados apresentados na ação mostram que, desde 2018, mais de 70% das vagas do curso de Medicina da Unir foram ocupadas por candidatos de fora do estado.
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O bônus estadual foi implantado em 2023 após recomendação do MPF, por meio da Resolução nº 577/2023, e usado no processo seletivo de 2024. A política afirmativa aumentou o número de rondonienses aprovados no curso de Medicina, um dos mais concorridos da instituição.
No entanto, em outubro deste ano, a Unir revogou a medida por meio da Resolução nº 727/2024, justificando que estava seguindo decisões recentes do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre políticas de cotas e bônus regionais. Para o MPF, no entanto, o STF não possui entendimento vinculante sobre o tema, o que significa que a universidade não seria obrigada a adotar essa decisão.
Na ação, o procurador da República Thiago Carvalho destacou que o bônus estadual é uma forma de compensar o desequilíbrio educacional existente no Brasil. O procurador ressaltou que a retirada da bonificação impacta negativamente os estudantes locais:
“O fim do bônus estadual não traz igualdade. Ao contrário, restringe o acesso dos rondonienses, que precisam competir em condições desiguais com estudantes de regiões mais desenvolvidas”, afirmou o procurador da República Thiago Carvalho.
O MPF aponta que a medida também impacta negativamente o desenvolvimento profissional de Rondônia, uma vez que muitos estudantes de outros estados tendem a retornar às suas regiões de origem após a conclusão do curso.
Para o procurador, o bônus estadual não viola o princípio de isonomia, mas busca democratizar o acesso ao ensino superior, compensando a realidade educacional de estados como Rondônia.
“Os estudantes de outras regiões aproveitam as vagas das universidades públicas dos seus estados e, em seguida, ocupam as vagas de Rondônia, limitando o acesso dos moradores locais. A ação afirmativa (do bônus) visa corrigir essa distorção”, concluiu o procurador.
A ação segue em tramitação na Justiça Federal.
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